sábado, 21 de dezembro de 2013

Música do Século Passado - Camerata Santa Maria


                                                                             PROGRAMA





      Canzonetta                                            Samuel Barber (1910-1981)
Lúcius Mota - Oboé
Vera Vianna - Piano

      Vier Stücke für Fagott und Cello            Paul Hindemith (1895-1963)
1. Mäßig schnell
2. Fuge
3. Lebhaft
4. Variationen
Glaubert Nüske - Fagote
Diogo Lima - Contrabaixo

      Peça para Fagote                                       Joly Braga Santos (1924-1988)
Glaubert Nüske - Fagote

      PouchaDass                                                François Rabbath (1931)
Diogo Lima - Contrabaixo

      Duo Sonatina                                             Brenno Blauth (1931-1993)
Lúcius Mota - Oboé
Glaubert Nüske - Fagote

      Density 21.5                                                Edgard Varèse (1883-1965)
Ziliane Teixeira - Flauta Transversal
Amanda Silveira, Camila Matzenauer, Caroline Turchiello,
Crystian Castro, Fernanda Barbosa - Dança

Anfiteatro Caixa Preta
15 de Dezembro de 2013
20 horas





Lúcius Mota




Vera Vianna e Lúcius Mota


Diogo Lima e Glaubert Nüske


Diogo Lima


Glaubert Nüske


Ziliane Teixeira


Lúcius Mota e Glaubert Nüske



             Plural. Esta é a palavra que melhor define a música do século XX. Apesar das grandes narrativas da História da Música terem privilegiado as vanguardas que se sucederam ao longo do breve século passado, os intérpretes não deixaram de tocar as músicas que não foram canonizadas pelos historiadores.
                Desta forma o recital que apresentamos hoje é uma mostra desta pluralidade. Da música francamente romântica de Samuel Barber (1910-1981), à vanguarda que expandiu os limites da técnica instrumental de Edgard Varesè (1883-1965) e François Rabbath (1931), passando pelo neoclassicismo de Paul Hindemith (1895-1963) e Brenno Blauth (1931-1993) e Joly Braga Santos (1924-1988).
                A Canzonetta de Samuel Barber deveria ser o segundo movimento de um concerto para oboé e cordas, mas o compositor ao receber o diagnóstico de que estava com câncer entrou em depressão e não chegou a completar a obra. Após sua morte o manuscrito foi localizado e publicado. Barber, sempre foi um grande melodista ao longo de sua carreira, como pode ser observado nesta obra, na qual uma linda melodia é o fio condutor de toda a peça.
Durante os anos 1920 e 1930 Paul Hindemith escreveu diversas obras no estilo de Gebrauchsmusik, música útil. Estas obras poderiam ter o nível para profissionais, ou, como é o caso deste duetos, para amadores. A preocupação social do compositor se alia aqui a um fato interessante: sua esposa tocava violoncelo e ele fagote. Os duos, apesar de terem o estilo tão característico do compositor, não são de grande dificuldade técnica. A substituição do violoncello pelo contrabaixo segue o espírito utilitário do compositor.
Joly Braga Santos, compositor português nascido em Lisboa, é considerado o principal sinfonista português do século XX. A obra Peça para Fagote foi composta no ano de 1946, primeira fase do compositor que mostra uma tendência modal motivada pelo desejo de estabelecer uma ligação entre a música contemporânea e o Renascimento. Dedicada a Ângelo Pestana, Peça para Fagote recebe hoje sua estreia brasileira.
Um exemplo vivo da pluralidade da música do século XX é a música do o contrabaixista franco-sírio François Rabbath. Conhecido por sua genialidade e inventividade em seu instrumento, divide a história desse instrumento em duas partes, antes e depois dele. Suas composições são mundialmente conhecidas no meio do contrabaixo, demandando do intérprete uma pré-disposição para dialogar com variadas culturas e estilos. Indagado sobre as origens de PouchaDass composta em 1968, Rabbath responde: “É simples. Porque eu vi RaviShankar um dia e nós planejamos tocar juntos futuramente. E eu ouvi sua sítara e o som, gostei muito. E eu disse – com o contrabaixo, com o arco podemos imitar isso. Então, escrevi PouchaDass [...]”.
O compositor gaúcho Brenno Blauth é um caso típico do comentário inicial deste texto. Se os livros de história da música, e mesmo os estudos acadêmicos, não lhe dão muito espaço, os interpretes, em particular os que tocam oboé, tem cada vez mais se dedicado a sua música. O Duo Sonatina para oboé e fagote é uma de suas últimas obras. A obra tem três movimentos, no primeiro, uma melodia de grandes saltos é trabalhada de diversas formas entre os dois instrumentos. O segundo movimento, é uma valsa que lembra Shostakovich. O terceiro movimento talvez seja o mais próximo do estilo nacionalista da primeira fase do compositor, porém, é o mais radical dos três. Em alguns momentos, próximo ao fim da música, longos silêncios parecem anunciar que o diálogo é impossível, para finalmente a obra ser concluída pelos dois instrumentos tocando juntos a melodia que abriu o movimento. A interpretação desta obra faz parte de um projeto de pesquisa em andamento dedicado à música de Brenno Blauth, no qual se busca alinhavar os diferentes caminhos, às vezes conflitantes, da música na universidade brasileira: a musicologia, a perfomance e a educação musical. Não há registro de execução desta obra e talvez esta seja a estreia mundial da peça.
Density 21.5 é uma obra para flauta solo escrita por Edgard Varèse em 1936 e revista em 1946. A peça foi composta a pedido do flautista franco-americano Georges Barrère para a estreia de sua flauta de platina (a densidade da platina era de 21.5 gramas por centímetro cúbico). De acordo com o compositor, Density 21.5 é baseada em duas ideias melódicas - uma modal e uma atonal - e todo o material subsequente é gerado a partir destes dois temas. É considerada uma obra seminal, que produziu um longo alcance de efeito sobre o repertório para flauta posterior a ela. Três aspectos do trabalho destacam-se a este respeito: (i) contém o primeiro uso percussivo nas chaves da flauta, com sons feitos pelo golpear das chaves ao tempo em que se produz o som no registro grave. A riqueza de sons, o clique nas chaves e outras técnicas estendidas agora encontradas no repertório da flauta podem ser atribuídos a este início modesto em 1936; (ii) o uso prolongado do registo superior agudo, demonstrando as possibilidades da nova flauta de platina de Georges Barrère, era inimaginável na época; e (iii) o impacto dramático conseguido por Varèse demonstrou que a flauta é um instrumento capaz de uma poderosa intensidade musical. Neste recital, buscamos inovar em sua interpretação contando com a performance de alunos dos cursos de Bacharelado e Licenciatura em Dança da UFSM. Uma parceria pode dar muitos frutos no futuro!

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